Paladinos do Abolicionismo

Bem; não convenço alguns dos meus colegas. Julguei que se não atacava o princípio da liberdade humana, nem na cadeia, nem na escola, nem no hospital; julguei que se atacava no preso uma manifestação, apenas uma aberração da liberdade do individuo; uma parte enfim para corrigir o todo. Mas o que não creio nunca é que a sociedade tenha direito de cortar de uma vez a cabeça a qualquer que seja, para emendar ou para corrigir (apoiados). Para que o ato de castigo tenha o caracter de pena, carece de ter mais de um predicado; e um deles é corrigir. A pena de mortedecerto, que não corrige (apoiados); o cadáver não se corrige. Todo o facto que não tiver por consequência necessária e imediata a correção moral do sujeito culpado, não pode denominar-se pena. Chamem-lhe castigo, satisfação social, vingança, o que quiserem, mas nunca pena. Corrigir, moralizar, regenerar, reabilitar para a vida social deve ser o fim supremo da penalidade.
(…)
A pena de morte não é moralizadora. Nem moraliza o que é justiçado nem moraliza quem assiste ao espetáculo. Ou gera compaixão pelo homem que é justiçado, ou irritação diante de quem aplica a pena. Não é exemplar, e esta é uma das primeiras condições que todos afirmam que devem ter as penas. Não é exemplar, e eu repito à câmara mais de um facto para lhe provar isto. Era-me fácil tarefa recordar-lhe dúzias deles.

(…)

Quando há uma pena de morte executada em qualquer parte, recrescem sempre os crimes. Sempre. E observação de toda a parte e de todos os tempos. A feridade da lei incita a feridade dos costumes. A vista do sangue irrita e não acalma.
(…)